Ter acesso à boa literatura desde a mais tenra idade é fundamental para a estruturação do pensamento, a formação do imaginário e o desenvolvimento da linguagem compreensiva e expressiva. Isso todo mundo já sabe. Pouco se fala, porém, de um segundo benefício da literatura para a formação pessoal: a educação dos sentimentos.
Bons livros nos transportam para outros tempos e lugares. Eles nos dão oportunidade de vivenciar outras vidas e outras subjetividades. Conhecemos formas de agir e sentir que muitas vezes nem suspeitávamos, expandindo a nossa imaginação afetiva e os nossos horizontes existenciais. Isso nos torna mais autoconscientes e mais capazes de compreender os outros. Em suma, a literatura pode nos tornar pessoas melhores, mais bem preparadas para os relacionamentos da vida.
As crianças adoram ouvir histórias, pois a sua capacidade de se deixar envolver e levar por outras possibilidades existenciais é praticamente ilimitada. Nessa fase de extrema abertura imaginativa, é muito importante que os adultos lhes contem histórias que possam, ao mesmo tempo, dar asas à sua imaginação e ampliar o seu conhecimento do mundo.
Mas como selecionar a boa literatura dentre a enorme quantidade de livros publicados a cada dia, grande parte sem nenhuma qualidade? Em outras palavras: o que devemos ler para as nossas crianças?
A boa literatura infantil não se resume, obviamente, às histórias que já se tornaram clássicas. Há ótimos títulos contemporâneos no mercado editorial. Mas a melhor estratégia é garantir que seu filho tenha contato com os clássicos já consagrados, enquanto, paralelamente, você seleciona dentre os autores contemporâneos aqueles que merecem ocupar o seu tempo e o seu imaginário.
Por que privilegiar os clássicos? Primeiro porque as obras de literatura clássica resistiram à ação das mudanças sociais e atravessaram gerações mantendo o seu poder de atração, seja por milênios, séculos ou décadas. A literatura clássica é aquela que não sai de moda. E ela permanece porque, ao captar, fixar e revelar algo de essencial acerca da natureza humana, transcende a sua própria época.
O segundo motivo que torna a literatura clássica incontornável para uma boa educação é que ela transmite às novas gerações o repertório cultural preservado pela tradição. Ali está condensado todo um esforço de observação e compreensão da vida humana por parte de pessoas de rara sensibilidade e capacidade de expressão. Por isso, como disse o escritor italiano Ítalo Calvino, “um clássico constitui uma riqueza para quem o lê.”
O mundo da literatura clássica infantil é muito vasto, mas há três gêneros incontornáveis, que podem fazer parte da experiência literária das crianças a partir dos 3 anos de idade: as fábulas, os contos de fadas, e a obra de Monteiro Lobato. Não perca a próxima postagem. Vou falar sobre cada um desses gêneros de literatura infantil e trazer uma série de dicas de como tornar mais produtiva a leitura de cada um deles.
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Mas, antes de finalizar, quero falar uma última coisa. Quando tomamos a decisão de nos envolver pessoalmente com a educação literária de nossos filhos, assumindo-a como uma tarefa prioritária, muitas vezes nos deparamos com lacunas importantes em nossa própria formação. Diante da constatação de que não temos conhecimento suficiente para orientá-los adequadamente, há duas atitudes possíveis.
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Jessie Willcox Smith (1863-1935) , “A Rainy Day”.
Obrigada!
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Post Maravilhoso!👏👏👏
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Cara Kílvia, obrigada! E seja muito bem-vinda! Um forte abraço.
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Cristiane, obrigada por suas palavras. Sinto realmente uma lacuna em minha própria formação intelectual, e estou em busca de saná-la. Deus nos ajude. Um grande abraço. Parabéns pelo blog. P.S. Estou aqui por indicação do professor Rodrigo Gurgel. Abraços
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Obrigada, Cesar!
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Excelente, Cris.
Tema importantíssimo !
Beijos.
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