Houve uma época, quando o meu filho mais velho tinha cerca de seis anos (e o menor ainda não havia nascido), em que, três vezes por semana, eu tinha que trabalhar cedo, e o deixava dormindo. Meu marido só saía depois de encaminhá-lo para a escola, ao meio dia. Mas me incomodava muito passar o dia inteiro longe e, ainda por cima, sem ter me despedido.
Por sorte, li em algum lugar o depoimento de um pai que, diante da mesma aflição, fez o seguinte. Todo dia, antes de sair, ele amarrava uma fita na cabeceira da cama do filho, para simbolizar a sua vontade de estar ali. Como não há vergonha em imitar coisa boa, passei a fazer o mesmo. Lembro perfeitamente daquela fita verde.
Combinei com meu filho que a fita representaria o meu carinho e a minha saudade. Ele adorou a brincadeira, que para mim era muito séria. Tanto que passei a criar estratégias para não esquecer de amarrar a fita. E disse a ele que, caso isso acontecesse um dia, era apenas sinal de que eu saí muito apressada. Felizmente, nunca esqueci.
Não acho que a fita tenha substituído a minha presença. Mas ela intensificou a nossa cumplicidade amorosa. Logo que pude, mudei meu horário de trabalho, e voltei a ficar em casa todas as manhãs, para conversar sobre o sonho da noite anterior, ajudá-lo nos deveres escolares, supervisionar o banho e o almoço, levá-lo à escola.
Mas o meu filho até hoje, doze anos depois, ainda se lembra da fita verde.
(Fica a dica.)